
A Gradiente se prepara para participar de forma mais agressiva desse novo mercado. A empresa já tem protótipos de conversores analógico-digitais (set-top boxes) e, em breve, vai optar entre os dois formatos de DVDs de alta definição: Blu-ray Disc ou HD-DVD.
O mercado de TV digital amadurece lentamente. Nos Estados Unidos, depois de 9 anos, a penetração nas residências ainda não chega a 30%. Mesmo reconhecendo que a TV digital exige longo tempo de consolidação, a Gradiente acha que o Brasil poderá surpreender.
Em primeiro lugar porque essa nova tecnologia se encontra hoje num estágio muito mais avançado em relação ao que estava no momento de sua introdução noutros países desenvolvidos na década passada. Em segundo porque a TV aberta é uma paixão nacional. Em terceiro porque o brasileiro gosta de inovações tecnológicas. Quem poderia imaginar o sucesso do telefone celular e do próprio DVD que testemunhamos no País nos últimos anos?, pergunta o presidente da Gradiente.
Uma das características mais interessantes e aplicações mais promissoras do padrão nipo-brasileiro, segundo Staub, será a mobilidade, isto é, a possibilidade de recepção de imagens e programas de TV em telefones celulares, laptops, computadores de mão ou receptores instalados em veículos: Nenhum outro sistema de TV digital assegura uma recepção tão estável, tão robusta, quanto a do padrão brasileiro. O mundo todo está se interessando pelas aplicações da mobilidade.
BARREIRA ECONÔMICA
O grande obstáculo à expansão da TV digital brasileira deve ser o baixo poder aquisitivo das classes C, D e E, que dificultará a aquisição de conversores, inicialmente na faixa de R$ 300 a R$ 500. Mas, num horizonte de 3 a 5 anos, os preços deverão cair até por volta de R$ 100.
O presidente da Gradiente cita uma pesquisa da Associação de Eletrônica de Consumo dos Estados Unidos (CEA), que mostra o tempo que diversos produtos de eletrônicos levaram para alcançar 50% de penetração nos lares norte-americanos, como segue:
Computador pessoal: 21 anos
Televisor em cores: 20 anos
Telefone celular: 16 anos
Videocassete player: 15 anos
CD player: 12 anos
Televisor P&B: 9 anos
DVD player: 8 anos
Para Staub, a adoção do padrão nipo-brasileiro, hoje denominado ISDTV (de International System for Digital Television), não vai encarecer o televisor produzido no Brasil.
Gostaria de esclarecer essa questão, que pode levar a falsas conclusões, diz o presidente da Gradiente. A produção brasileira alcançará, seguramente, níveis de economia de escala porque o ISDTV não requer um único componente customizado ou dedicado, mas componentes de prateleira, que são verdadeiras commodities.
O único componente restrito e exclusivo dos mercados que optaram pelo padrão OFDM de modulação japonês - por enquanto Brasil e Japão - é o chip de demodulação. O restante é formado por componentes de uso generalizado em conversores, câmeras, vídeo players, televisores em quase todo o mundo. E mais: o ISDTV se assemelha muito aos conversores para televisão em protocolo IP (IPTV), que se popularizam mundo afora.
A denominação brasileira ISDTV pode ainda ser mudada, já que os japoneses estão dispostos a adotar algumas especificações brasileiras e o nome de International System for Digital Broadcasting para seu sistema, que hoje é chamado de Integrated Services Digital Broadcasting (ISDB), mas mantendo a mesma sigla. Essa mudança talvez torne mais fácil a aceitação do padrão digital nipo-brasileiro em outros países, em especial na América Latina.
É bem provável que as operadoras de TV a cabo lancem canais exclusivos em alta definição até o fim do ano, com programação especial. Existem canais que têm programação de alto nível cultural - como Discovery Channel, Animal Planet e National Geographic - e, talvez, possam ser os primeiros a oferecer opções em alta definição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário