quarta-feira, 17 de junho de 2009

Com Selic menor, custo na Previdência Privada ganha relevância

Mais do que vencer a barreira cultural do brasileiro de não se planejar para o futuro, o setor de Previdência Privada tem um novo e inédito desafio à frente: conviver com juros abaixo de dois dígitos.

Com a queda da Selic, para os atuais 9,25% ao ano, os custos associados a um plano de previdência passam a ter um peso mais relevante, senão decisivo, no volume de recursos a ser acumulado.

Hoje, ainda é possível encontrar fundos de previdência com taxas de gestão de 3,5% ao ano, o que significa dizer que, para um retorno equivalente à Selic, o ganho anual do investidor seria, grosso modo, de 5,5% - vale lembrar que sobre as contribuições é cobrada uma taxa de carregamento, que varia de acordo com tamanho de aporte, volume de reservas ou tempo.

"Assim como se troca de carro em busca de modelos mais modernos, sofisticados, os planos de previdência precisam ser atualizados". Um fundo com taxa de 3,5% era razoável dez anos atrás, quando surgiram os primeiros planos, uma vez que a Selic estava muito mais alta, acima de 20%, o que acabava compensando o custo alto de gestão.

Na prática, com menos de 1% é possível remunerar o gestor do fundo de previdência. Não só porque há um volume considerável de reservas hoje na previdência, sobre o qual incide a taxa de gestão, mas porque o grosso dos recursos está em fundos de renda fixa que compram basicamente títulos públicos e de grandes bancos do varejo, com escala. Levantamento mostra que os fundos de previdência que recebem recursos de planos do tipo PGBL, VGBL e Fapi reuniam no fim de maio patrimônio líquido de R$ 121,9 bilhões, dos quais R$ 110,7 bilhões estavam alocados em fundos 100% renda fixa.

A queda do juro, também reduziu as vantagens fiscais da previdência em relação aos fundos de investimento tradicionais na fase de acumulação de reservas. No passado, um investidor que aplicasse R$ 100 mil num fundo de renda fixa com retorno de 20%, ao fim de um ano tinha de recolher só de come-cotas semestral o equivalente a 15% sobre o ganho financeiro, ou cerca de R$ 3 mil. Dinheiro que na previdência não sai do fundo, por não haver come-cotas semestral.

Hoje, essa vantagem diminuiu. O come-cotas de um fundo que rende 10% para um investimento de R$ 100 mil é de R$ 1,5 mil. Se a taxa de administração for de 1%, o investidor terá de arcar com mais R$ 1 mil, num total de R$ 2,5 mil. Na previdência, num fundo que tenha a mesma rentabilidade, mas com uma taxa de gestão de 3%, o investidor que tenha aplicado R$ 100 mil terá um custo anual de R$ 3 mil. "Para efeito de acumulação, um fundo de previdência com taxa acima de 2% é menos vantajoso do que um fundo tradicional com taxa de 1%".

A caderneta de poupança sai fortalecida. Mais que isso, ela caminha para se tornar a melhor aplicação, ao ter rentabilidade prefixada de 6% acima da TR, livre de risco e com isenção de imposto. O governo vai fazer algum tipo de ajuste para manter a atratividade tanto dos fundos de investimento quanto da previdência, grandes financiadores da dívida pública e de empresas. No curto prazo, um dos caminhos poderia ser a ampliação das vantagens tributárias da previdência, quem sabe até zerando a alíquota de IR. No longo prazo, a rentabilidade da poupança deverá ser alvo de mudanças, atrelando-a a um percentual da Selic

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