sexta-feira, 26 de junho de 2009

Ainda falta planejamento para aposentadoria da maioria dos brasileiros

Boa parte da população brasileira que hoje está na terceira idade não se planejou para essa fase da vida.

É o que revela pesquisa sobre a longevidade no país, dirigida pelo cientista social e ex-coordenador de Desenvolvimento Humano da Organização das Nações Unidos, o professor José Carlos.

De acordo com o estudo, que entrevistou cerca de 1,2 mil homens e mulheres de 55 a 74 anos, 52% disseram ter feito algum planejamento; porém, desse universo, 81% optaram pelo INSS. Participaram pessoas das classes A, B e C, das regiões Sul, Sudeste, Centro-oeste e Nordeste, com renda familiar acima de R$ 2 mil.

A previdência privada, que no Brasil tem cerca de 15 anos, foi o veículo de planejamento escolhida por 19% dos entrevistados, seguida por poupança em dinheiro, com 6%, e imóveis, com 4%. Outros 2% disseram contar com previdência fechada e 1% está na previdência do setor público. "A falta de planejamento é motivo de grande arrependimento para muitos", afirma JC, que participou ontem do IV Fórum da Longevidade.

E a maioria não se planejou, segundo o professor, porque não se atentou à necessidade de se preparar para a vida na terceira idade. A situação financeira complicada também foi apontada como um obstáculo ao planejamento, de acordo com a pesquisa. "Muitos responderam que não se sentiam confortáveis com a instabilidade do país, nem confiavam no sistema, a exemplo dos problemas com os antigos Montepios e confisco da caderneta de poupança", conta.

JC destaca, ainda, a falta de informação. Pesquisa apresentada pelo professor no fórum no ano passado mostrava que apenas 3% das empresas públicas preparavam seus funcionários para a aposentadoria. Na iniciativa privada, o percentual caía para 2%. "Os dados revelam uma atitude relapsa de empresas e governo em relação aos seus funcionários e à vida na aposentadoria", diz.

Apesar da falta de planejamento, 80% dos entrevistados responderam que se sentem realizados, mesmo tendo de se apoiar na aposentadoria do INSS. E isso,porque chegaram em um momento da vida que desfrutam de mais tempo para fazer as coisas que sempre quiseram. Três em cada quatro entrevistados responderam que ser idoso é ter liberdade no horário. A experiência, contudo, é a principal vantagem do idoso, segundo a pesquisa.

Da parcela que declarou não se sentir realizado, o principal argumento é o tempo perdido não aproveitando a vida, com 31% das respostas. Outra frustração, com 23% de frequência, é não ter garantido o futuro financeiro dos filhos.

A falta de planejamento, no entanto, pode se reflexo de como esses entrevistados se vêem. De acordo com a pesquisa, a idade em que tem início o processo do envelhecimento não é um consenso. Para os que estão entre 56 e 60 anos, apenas 5% se reconhecem como "idosos". Esse percentual aumenta com a idade. Na faixa de 71 a 75 anos, os que se acham "idosos" sobem para 44% e, entre aqueles com mais de 80 anos, o percentual vai para 75%.

Tanto é que a atividade mais valorizada pelos entrevistados é viajar a lazer, com 13% das respostas. Assistir TV aparece com 7%, seguido por ir à igreja (6%), trabalhar (5%) e jogar baralho, xadrez ou dominó (5%).

Vale lembrar que muitos ainda estão na fase laboral. Na faixa de até 64 anos, 76% disseram que ainda não se aposentaram porque não têm o tempo necessário. Para aqueles com mais de 65 anos, 42% ainda não podem se aposentar. Outros 36% disseram que não têm aposentadoria e 12% que o rendimento da aposentadoria é baixo.

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