domingo, 29 de abril de 2007

Cobrança é o gargalo na Previdência Privada complementar

Data: 30.04.2007 - Fonte: Jornal do Commercio

O economista Keyton, diz que a disciplina dos trabalhadores é condição sine qua non para que as reservas dos planos abertos de previdência privada aumentem, expressivamente, a sua participação no Produto Interno Bruto (PIB), que está hoje em torno de 18%. Nos países desenvolvidos, segundo ele, as reservas da previdência complementar correspondem a mais da metade da riqueza bruta nacional.

Para que o País avance nesse campo, ele entende que os atuais mecanismos usados pelas empresas de previdência podem e devem ser substituídos ou complementados por outros sistemas de cobrança, mais eficientes.

- Uma das alternativas, por exemplo, seria o desconto direto na folha de salário, mecanismo usado hoje em dia apenas pelos fundos de pensão e em alguns planos previdenciários comercializados por bancos. É uma das maneiras eficientes de cobrar e trazer disciplina aos futuros aposentados.

O economista cita alguns exemplos cujo desconto em folha poderia funcionar muito bem. As operadoras de planos de saúde, que garantem o pagamento de grande número de médicos e profissionais de saúde, poderiam fazer convênios com bancos e oferecer aos associados o sistema de previdência complementar com desconto automático em seus recebimentos mensais.

Um outro exemplo similar, que comprova a eficiência da proposta, é o que ocorre com os caminhoneiros, que já realizam descontos no valor de seus fretes para órgãos como Sest e Senat, e deles recebem produtos e serviços especializados. Ele sustenta que o mesmo formato poderia ser adotado para garantir um plano previdenciário para a categoria. Atualmente, há cerca de 600 mil caminhoneiros autônomos, a grande maioria sem cobertura previdenciária.

Na avaliação do especialista, os dois casos ajudam a garantir a receita e, no futuro, o retorno ao investidor. Aperfeiçoar os mecanismos de arrecadação, segundo ele, é, hoje, uma questão fundamental, tanto na previdência privada quanto na pública, já que a quantidade de pessoas com mais de 60 anos, não demora, representará 35% da população. "É agora que precisamos nos preparar para atender as demandas e necessidades de cobertura previdenciária desse público".

Atenção ao Seguro Empresarial

Data: 30.04.2007 - Fonte: Valor Econômico

A quantidade de seguros e coberturas disponíveis para as micro e pequenas empresas contratarem é tão grande que até os mais cautelosos correm o risco de fazer um mau negócio na hora de decidir por um produto. Embora a escolha pareça simples, os significados e as interpretações por trás de cada cláusula do contrato podem trazer problemas futuros se não forem bem lidos e esclarecidos, por isso consulte seu corretor seguro empresarial.

Antes de optar por uma apólice, o primeiro cuidado a tomar é saber que tipo de seguro a empresa precisa contratar. Muitas vezes, o que o micro empresário precisa é de um seguro que cubra enchentes e desabamentos. Na hora de buscar o produto ideal, ele se depara com ofertas amplas ou distantes demais do que procurava. Resultado: o cliente é induzido a levar algo a mais, o que encarecerá o preço do seguro, trará coberturas desnecessárias e pode ainda não cobrir o que deveria. Neste caso, é sempre bom trabalhar com um corretor de confiança, pois este profissional deve atender as necessidades do segurado e não as da seguradora.

"Em um primeiro momento, é recomendável que a empresa interessada em contratar o seguro, antes de contratá-lo, faça uma pesquisa de mercado, levantando as possibilidades de coberturas e seus respectivos prêmios", recomenda Dirce. Ela lembra que a Susep (Superintendência de Seguros Privados), órgão fiscalizador da área securitária brasileira, disponibiliza ao consumidor, por meio do Disque SUSEP (0800 21 8484) ou via site (www.susep.gov.br), diversas informações relativas às seguradoras, inclusive a sua condição legal para estar atuante ou não.

O segundo passo é definir como será feita a contratação. Antonio, advogado especializado em seguros, recomenda que seguros mais complexos sejam feitos com a ajuda de um corretor de seguros que conheça o ramo. Na opinião do advogado Marcelo, especialista em Direito Público e Processo Civil, o seguro deve ser feito somente com pessoal especializado - caso dos corretores de seguros. "Eles podem oferecer um atendimento melhor, de acordo com sua necessidade", diz.

Cliente pode ter assessoria de consultor da Susep

O terceiro passo é determinar a seguradora a ser contratada. Verificar se ela é forte neste tipo de seguro sempre ajuda. Feito isso, Dirce sugere que se leia com atenção a proposta e as condições gerais do seguro, em especial as cláusulas referentes às garantias e aos respectivos riscos excluídos. "É impreterível também verificar se a proposta contém os valores iniciais do prêmio e dos capitais segurados discriminados por cada tipo de cobertura contratada", alerta.

As condições gerais também contêm uma série de informações importantes como, por exemplo, um glossário com as principais definições, período de carência, riscos excluídos, critério de atualização de valores, documentos necessários no caso de pagamento da indenização, etc. Dirce avisa que as condições gerais devem estar acessíveis à empresa contratante, previamente à assinatura da respectiva proposta.

Finalmente, veja se as coberturas escolhidas são as que você precisa e se as importâncias seguradas estão corretas. O mercado de seguros sempre foi muito complicado de ser entendido pelos consumidores. Para evitar problemas posteriores com um contrato repleto de termos técnicos, diversidade de produtos e métodos, cálculos e formação do preço, o caminho é escolher uma apólice clara, com manual do segurado que explique cada cobertura. Na hipótese de o consumidor não ter tempo para ler a documentação, ou mesmo não ter condições econômicas para custear a assessoria de um advogado que atue na área de seguros, é recomendável recorrer à assessoria de um corretor de seguros habilitado pela Susep, como intermediador do contrato de seguros.

Atenção: jamais contrate um seguro com base em informações verbais. "É recomendável que a empresa interessada no contrato de seguros formalize as suas dúvidas e solicite as respectivas respostas por meio eletrônico, fax ou carta postal, imprimindo-as e arquivando junto aos demais documentos relativos ao seguro contratado", ensina a advogada. Na hipótese de necessidade de preenchimento de informações a respeito do perfil do objeto do seguro contratado, certifique-se ainda que as informações fornecidas estão 100% de acordo com a realidade. Caso contrário, há sério risco de perder o direito à indenização. Pequenos cuidados como esses assegurarão o efetivo pagamento da indenização. A apólice do seguro é o contrato do seguro. É direito da empresa segurada ter acesso a uma via da mesma.

Atualmente, Mendonça conta que o índice de problemas entre seguradoras e segurados se situa em pouco mais de o equivalente a 1% do total das indenizações pagas. Se o segurado acertar suas contas em dia, sem atrasos no pagamento, a indenização deve ser obrigatoriamente paga, sem criar problemas ou demoras desnecessárias. Se isto não acontecer, as seguradoras têm ouvidorias. Há ainda a possibilidade de reclamar na Susep ou no Procon, antes de entrar com uma ação judicial. A Susep ainda prevê que as seguradoras indenizem os segurados em casos de indução ao erro de interpretação, ocorrido por culpa da própria seguradora ou de intermediários. "Caso a empresa segurada tenha como comprovar, por meio de provas reconhecidas legalmente (e-mail, por exemplo) a informação incorreta fornecida pelo preposto da seguradora, ele terá direito à indenização", avisa Dirce.

Unibanco leva oferta de crédito para o Agrishow - Seguro Agrícola Rural

Data: 30.04.2007 - Fonte: Unibanco

Instituição vai oferecer seis linhas do BNDES e uma linha com recursos próprios

Seguro Agrícola / Rural

O Unibanco é um dos patrocinadores da Agrishow, maior feira de agronegócio da América Latina. Durante o evento, a instituição vai disponibilizar aos compradores de máquinas e equipamentos agrícolas linhas de financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e crédito com recursos próprios, podendo financiar até 100% do valor do bem. A etapa de Ribeirão Preto começa no próximo dia 30 e termina no dia 5 de maio.

Os empresários rurais terão à disposição seis linhas de repasse do BNDES:

• Finame Agrícola Especial - para sistema de irrigação, armazéns agrícolas, ordenhadeira, resfriadores, máquinas e equipamentos para avicultura e suinocultura. Juros de 12,35% a.a. e prazo de até 60 meses.

• Moderfrota - para aquisição de tratores, colheitadeiras, implementos associados e equipamentos para preparo, secagem e beneficiamento de café. Juros entre 8,75% a.a. e 10,75% a.a. e prazos de até 72 meses.

• Moderinfra - também para armazenagem e irrigação, mas envolvendo ampliação, implementação e renovação dos sistemas. Juros de 8,75% a.a. e prazo de até 96 meses.

• Moderagro - para projetos de correção e conservação de solo, adubação verde, recuperação de pastagens e sistematização. Juros de 8,75% a.a. e prazo de 60 meses.

• Prodefruta - para projetos de implantação de pomares, beneficiamento de frutas e produção de borracha (seringueira). Juros de 8,75% a.a. e prazo de 96 meses.

• Propflora - para projetos de implantação de florestas comerciais destinadas para produção de madeira, papel e celulose e carvão vegetal. Juros de 8,75% a.a. e prazo de 144 meses.

Atender o segmento de agronegócio, que necessita de investimentos contínuos, com prazos e taxas compatíveis com o ciclo da atividade rural, sempre foi uma meta do Unibanco. ?Nossas linhas de crédito visam o fortalecimento desse setor", afirma o superintendente de Agronegócios do Unibanco, José Carlos Grégio.

Serviço:

AGRISHOW RIBEIRÃO PRETO 2007
Feira Internacional de Tecnologia Agrícola

Data: De 30 de abril a 5 de maio de 2007
Local: Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Centro-Leste - Anel Viário, km 321 - Ribeirão Preto - SP
Horário: das 8h às 18h

Seguro Agrícola / Rural

Cortadores de cana têm vida útil de escravo em São Paulo

Fonte: Folha de S. Paulo - 29.04.2007
Pressionado a produzir mais, trabalhador atua cerca de 12 anos, como na época da escravidãoConclusão é de pesquisadora da Unesp; usineiros dizem que estão mudando sistema de contratação e que vão melhorar condições.

Às 4h, José Lúcio Oliveira acorda e prepara a sua marmita e... uma hora depois já está a caminho para se juntar a 45 homens e mulheres em direção ao canavial.

MAURO ZAFALONDA REDAÇÃO O novo ciclo da cana-de-açúcar está impondo uma rotina aos cortadores de cana que, para alguns estudiosos, equipara sua vida útil de trabalho à dos escravos. É o lado perverso de um setor que, além de gerar novos empregos e ser um dos principais responsáveis pela movimentação interna da economia, deve exportar US$ 7 bilhões neste ano.

Ao menos 19 mortes já ocorreram nos canaviais de São Paulo desde meados de 2004, supostamente por excesso de trabalho. Preocupados com as condições de trabalho e com a repercussão das mortes, as usinas estão mudando o sistema de contratação desses trabalhadores, antes terceirizados.

A pesquisadora Maria Aparecida de Moraes Silva, professora livre docente da Unesp (Universidade Estadual Paulista), diz que a busca por maior produtividade obriga os cortadores de cana a colher até 15 toneladas por dia. Esse esforço físico encurta o ciclo de trabalho na atividade. "Nas atuais condições, passaram a ter uma vida útil de trabalho inferior à do período da escravidão", diz.

Nas décadas de 1980 e 1990, o tempo em que o trabalhador do setor ficava na atividade era de 15 anos. A partir de 2000, "já deve estar por volta de 12 anos", diz Moraes Silva. Devido à ação repetitiva e ao esforço físico, "ele começa a ter problemas seriíssimos de coluna, nos pés, câimbras e tendinite", afirma.

Para o historiador Jacob Gorender, o ciclo de vida útil dos escravos na agricultura era de 10 a 12 anos até 1850, antes da proibição do tráfico de escravos da África. Depois dessa data, os proprietários passaram a cuidar melhor dos escravos, e a vida útil subiu para 15 a 20 anos.

Moraes Silva, que desenvolve pesquisa com o apoio do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) sobre os migrantes cortadores de cana, acaba de voltar do Maranhão e do Piauí, novos pólos de fornecimento de mão-de-obra para São Paulo.

Uma das constatações da professora é que a maior exigência de força física no trabalho está forçando a vinda cada vez maior de jovens.

Aparecida de Jesus Pino Camargo, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Piracicaba (SP), diz que a maioria dos cortadores de cana está na faixa de 25 a 40 anos, mas que há cada vez mais jovens na atividade, com até 18 anos.

Para a pesquisadora, o trabalhador anda de 8 a 9 km por dia, sempre submetido a um grande esforço físico, o que causa sérios problemas à saúde. "Esse trabalho tem provocado uma dilapidação -esse é o termo, não encontro outro- dos trabalhadores", afirma ela.

Moraes Silva, porém, afirma que a situação começa a melhorar. Com pressão do Ministério Público, as usinas estão fazendo exames admissionais e adotaram várias medidas de proteção aos trabalhadores, diz.

Roberto Miller Maia abre o jogo sobre a Brasil 2000 FM

Por Rodney BrocanelliNo panorama histórico de indigência das rádios paulistanas, uma delas acabou se destacando como uma das poucas que se deixava ouvir sem irritar os seus ouvintes fiéis. Estou falando da Rádio Brasil 2000 FM. Para contar um pouco de sua história entrevistei Roberto Miller Maia, apelidado de homem-enciclopédia graças a seu alto grau de conhecimento em matéria de rock and roll.
Maia liderou uma pequena revolução na emissora (que antes tocava pagode e funk), explorando o lado mais underground do rock. Nesse bate-papo, publicado originalmente no e-zine Ruídos (http://www.ruidos.com.br), Roberto Maia conta sua trajetória na Brasil 2000; fala dos programas que criou e ajudou a colocar no ar, como Clube das Mulheres e Garagem; fala também sobre seu parceiro nessa empreitada radiofônica, o Tatola; e faz um histórico sobre as "college radios" norte-americanas, emissoras de baixa potência ligadas a universidades.
Maia ainda dá a sua versão sobre as circunstâncias que o levaram a deixar a rádio. E, como não poderia deixar de ser, também entra nessa entrevista o famoso e popular jabá.
Leia a seguir os principais trechos dessa conversa.
(Rodney Brocanelli) Pergunta - A primeira pergunta é simples: quem é Roberto Maia?
Roberto Maia - Dos meus 43 anos de vida mais da metade foi ligado ao jornalismo, principalmente o jornalismo cultural enfocado basicamente na música. Foi um caminho natural, porque gostar de música sempre me fazia muito bem, e foi um caminho de sensibilização para mim. Minha formação primeiramente foi a de engenheiro eletrônico. A ligação entre a comunicação com a tecnologia é algo que eu já vislumbrava nos anos 70. Eu achava que num futuro essas coisas iriam estar muito ligadas e as pessoas que entendessem um pouco mais de tecnologia poderiam utilizá-la melhor nessa área da comunicação, dentro da área da mídia de massa. É o que está acontecendo agora, com essa questão da possibilidade de redes. A tecnologia hoje é um grande aliado para a democratização da comunicação, uma coisa que eu sempre gostei muito de fazer. Então eu comecei como engenheiro, depois por necessidade profissional me tornei jornalista e fiz faculdade. Eu comecei em rádio em 1977 na Rádio Cultura AM escrevendo textos. Depois, trabalhei em estúdios de gravação, fiz produção de discos e fiquei 14 anos na Brasil 2000.
Pergunta - Você foi um dos fundadores da rádio?
Maia - Praticamente isso, porque eu dava aula de comunicação na Faculdade Anhembi-Morumbi, tinha uma longa amizade com todos lá dentro e eles conheciam meu acervo musical, que eu estava começando. Eu fazia uma rádio interna no pátio, numa proposta de socialização dos alunos. Essa idéia deu tão certo que fui convidado para participar da rádio. No começo da Brasil 2000 eu cuidava de uns boletins sobre videotexto.
Pergunta - Em que ano e quais circunstâncias começou a rádio?
Maia - Foi em 1986, mas foi aos trancos e barrancos. Eu ainda não estava lá como diretor, fazia apenas algumas colaborações, como esses boletins. Na época a Anhembi-Morumbi tinha uma parceira com a Faculdade Ibero-Americana e isso dificultava muito para se fazer as coisas lá dentro da emissora. Numa sociedade acaba tendo esse tipo de problema: ou os dois são muito afinados esteticamente ou não, o que era o caso. Então a Brasil 2000 tinha uma linha mais neutra e nunca chegou a ser uma rádio efetivamente universitária, um projeto que depois eu pude conduzir.
Pergunta - Como é que se deu a virada na Brasil 2000?
Maia - A rádio naquela época tocava até pagode, numa visão errada de populismo. As pessoas achavam que o Brasil era vítima de um imperialismo musical vindo do exterior e o fato de tocar pagode seria uma forma de resistência. Eu pensei na questão de se dar um salto de popularidade, no sentido de dar uma abrangência maior e ter umas pinceladas de anarquia, nonsense, diferenciação para captar essas pessoas que estavam aí perdidas. E foi uma coisa certeira, muito bem-vinda, uma coisa necessária. Eu fiquei feliz com essa captação de ouvintes a partir dessa mescla de popularidade com diferenciação.
Pergunta - A proposta de se mudar a filosofia e fazer uma rádio underground foi aceita logo de cara?
Maia - Teve aquele problema da transição, de tirar aquele passado, aquelas coisas que tinham um certo ranço. Não foi fácil pegar uma rádio que tinha pagode e funk e transformar numa coisa alternativa. Essa idéia de ter uma diferenciação dentro do grande mercado acabou sendo aceita depois. O mercado gosta de algumas pessoas que o desafiem, por incrível que pareça. Uma das coisas que a Brasil 2000 sempre teve de muito positivo foi ser simpática a vários segmentos. A imprensa gostou, o mercado respondeu bem, os artistas também, isso porque era uma rádio muito sincera, trabalhávamos com pessoas sem vícios. Isso nos ajudou a crescer.
Pergunta - Você se inspirou em algum modelo que já existia ou seguiu uma linha própria que estava na sua cabeça?
Maia - Basicamente não foi seguir um modelo ou outro, mas juntar várias possibilidades. Uma coisa que mais me atraia mesmo foi o conceito de "college radios", uma coisa que mudou o mercado norte-americano, um dos mercados mais difíceis de serem mudados; mas isso aconteceu porque era uma rede em todos os Estados Unidos. A dureza aqui era fazer uma coisa isolada, uma espécie de oásis no mercado. Eu me inspirava mesmo nessa questão de pegar uma rádio e poder trabalhar com universitários. Queria tocar uma música que ninguém tava tocando, possibilitar que bandas novas aparecessem e novos valores em outras áreas culturais pudessem dar o seu recado. Eu gostaria que isso tivesse sido expandido, que outras faculdades tivessem comprado essa idéia. Eu acho que o grande mérito, mais do que a diferenciação da linguagem de alguns programas, foi o de a gente trabalhar com pessoas muito novas, saindo da faculdade.
Pergunta - Explique o conceito de college radio.
Maia - Varia muito, mas a questão básica é que é uma coisa para o campus. Ela tem permissão oficial para funcionamento. É tudo feito pelos próprios alunos. O modo de transmissão pouco importa, pode ser por AM e até mesmo por fios mesmo que levam a programação para ser veiculada em caixas de som dentro dos dormitórios dos estudantes, que é onde eles passam a maior parte da vida deles. Isso é uma coisa interessante até porque é um país mais frio, as pessoas lá são mais estudiosas (risos). De uma certa maneira eles levam muito a sério esse período na universidade, assim como eles levam muito a sério o lazer na universidade. Tem desde transmissão por onda eletromagnética até transmissão por cabo, mas o importante mesmo é que está todo mundo ouvindo uma mensagem, isso é dinâmico.
Pergunta - Qual é a college radio mais proeminente?
Maia - Não existe. Lá o que ganha é a força vinda pela massa. São 500, 600... Nenhum DJ de college rádio fica famoso, mas o que acontece de legal é que todos exercitam alguma coisa e os mais ousados partem para o grande mercado. Aí, vai se trabalhar com música ou virar um profissional de rádio.
Pergunta - Voltando para a Brasil 2000, essa virada para o underground se deu em qual época?
Maia - Eu entrei com essa idéia entre 1989 e 1990 e depois teve uma reformulação estrutural total, mas como a rádio era muito pobre em termos tecnológicos e financeiros o processo foi muito lento. Era uma emissora que não faturava nada, não tinha ibope. Foi uma reforma que aconteceu passo a passo, mas deu para fazer uma estrutura muito respeitada.
Pergunta - Quais as coisas que você destacaria dessa fase?
Maia - Aconteceram muitas experiências, muitas novidades e uma coisa acabou complementando a outra. Fiz alguns programas muito interessantes que eu desenvolvi, mas que foram escutados somente por algumas pessoas e passaram despercebidos. Tinha um programa que eu fazia à noite chamado Noites Futuristas. Era uma auto-entrevista de um músico contando a sua vida, um documentário sonoro. As rádios da Alemanha vinham fazendo isso de se criar ambientações sonoras e foi uma fonte de inspiração. É uma coisa que eu gostaria de retomar em termos de rádio. Uma coisa que eu estava achando brilhante era o de expandir o papel da emissora dentro da realização de shows. Estávamos conseguindo abrir espaços para bandas do exterior virem fazer shows aqui. Era interessante que acabávamos colocando bandas underground em locais que não faziam parte do circuito, como a Broadway, e pensávamos expandir isso para outros lugares aqui de São Paulo.
Pergunta - E em termos musicais?
Maia - Nós trouxemos essa coisa de gravadoras novas e independentes, foi uma revolução invisível. Fui responsável pelo lançamento de coisas que nunca iriam sair aqui no Brasil. O Creed não tinha nem gravadora aqui no Brasil. Cheguei a procurar uma representação para a banda aqui. Eles tinham contrato com a Sony, mas o contrato de distribuição deles não abrangia a América Latina. Teve o disco do Santana, o "Supernatural". Era um disco que iria ser lançado aqui, mas os próprios caras da gravadora não acreditavam. Eu fiz com que eles investissem no álbum. Eu também procurei representação para a Sub Pop no Brasil depois do estouro do Grunge. Fiz um esforço danado para trazer o Mangue Beat para São Paulo, que foi através de um festival chamado Rec Beat. Foi uma loucura, muito suado. Veio o Chico Science quando ninguém nem sabia falar o nome dele. Esse movimento liderado por ele foi uma das coisas mais interessantes que apareceu, mas não foi devidamente explorada como devia.
Pergunta - Vocês chegaram a ter um selo para lançar discos, não?
Maia - Pois é, tentamos fazer uma coisa. O primeiro foi o do Nuno Mindeles Na verdade, eu o DJ Magoo fizemos uma vaquinha e bancamos o lançamento de um álbum dele, isso em 1991. E colocamos lá o selo Brasil 2000 para ajudar na divulgação. Depois lançamos o Clip Independente, que era um programa com bandas novas e todos tocavam ao vivo no estúdio da emissora. Nenhuma chegou a dar um passo maior na carreira, mas dá para destacar Anjo dos Becos e Malaco Soul, que é um grupo que hoje toca na noite. Tinha também A Casa Caiu, de um cara bem talentoso, mas que era meio maluco, o Paulo De Tarso.
Pergunta - E a resposta do mercado publicitário para essas iniciativas?
Maia - Nessa primeira fase foi difícil. Os empresários que ouviam tinham uma simpatia pela Brasil 2000 e ajudavam com anúncios. Isso eu vejo isso muito hoje na Kiss FM: eles têm uma dificuldade tremenda de sobreviver comercialmente. Mas como não sei quem é dono de não sei o que lá ouve a rádio acaba dando uma forcinha, mas isso acaba não sendo suficiente porque os custos de uma rádio são muito altos. Uma emissora tem uma despesa mensal de R$ 40 a R$ 50 mil, dependendo de sua estrutura, e há um montante de investimento na casa de R$ 1 milhão. Os equipamentos são muito caros, o consumo de energia é alto e caro.
Pergunta - E a audiência?
Maia - O problema é que tínhamos uma estrutura muito precária. Quem chegasse na Rua Heitor Penteado, onde ficava a rádio, não conseguia ver a antena porque ela ficava coberta por um monte de prédios. Nossa antena era pequena, bem mais baixa que os prédios, então era impossível de se ouvir. O sinal saía por trás dos prédios, dava uma volta e nunca chegava na região da Av. Paulista, na Zona Sul, no bairro do Jabaquara. Ficávamos presos à zona oeste. Enfim, nosso alcance era limitado e não tínhamos como fazer milagres. Nosso transmissor era de 5 kW. Com um transmissor que era ruim, antena ruim, tudo, então não tinha como... Qualquer rádio transmitia mais do que a gente. Nós ficávamos com tudo isso contra nossa estrutura. Se a nossa antena ficasse na Paulista seria melhor.
Pergunta - E a questão do jabá. Como a Brasil 2000 lidava com isso?
Maia - O consumidor em geral não sabe o que o preço do disco significa, mas você tem embutido no valor uma porcentagem de custo e a verba de marketing. Entenda marketing como quiser, esse dinheiro pode ser usado para o que se quiser: fazer cartazes, levar a banda para entrevistas, fazer camisetas, adesivos etc. De um disco que vende 100 mil cópias, pelo menos o dinheiro lucrado da venda de 20 mil cópias é para isso. É uma conta meio maluca, isso vira um dinheiro em caixa. Se você tem uma banda nova não vai possuir essa verba porque ninguém te conhece, então se pega emprestado de um conjunto muito famoso. Por isso é que se fala erroneamente que uma banda consagrada ajuda a lançar bandas novas. Não é isso, é porque a verba que sobrou para divulgar um cara que vendeu dois milhões de cópias vai ser usada para divulgar a banda nova. Essa verba é o que se convencionou a se chamar de jabá porque ela é utilizada ao bel prazer do diretor de marketing. Dá para se fazer todo tipo de coisa com essa verba: comprar um Mercedes para sortear na emissora ou então levar o ouvinte para ver um show do U2 em Miami e depois passear com o Bono de limusine, por exemplo. Tudo isso é fruto dessa verba de marketing que o pessoal chama de jabá. Isso em outras épocas entrava no bolso de alguém diretamente, sem constrangimento, para o programador ou qualquer pessoa que mande na rádio. Essa verba de marketing virou um conforto, faz-se tudo para a rádio com essa grana, tornou-se uma facilidade para quem trabalha. E qual a moeda disso? Divulgar o determinado artista. Não existe o estar pagando para tocar, mas existe um acordo de cavalheiros. Como o U2 está dando ao ouvinte da rádio uma oportunidade de uma promoção que leva o sujeito para Miami, em contrapartida tem que se mostrar o trabalho dos caras. Por que uma banda fica famosa? Tem sempre aquele trabalho de marketing. Por mais que uma banda seja brilhante ou excelente alguém precisou falar sobre ela, instigar as pessoas a gostarem daquilo. E também existem as armações, que não duram nada. Se a banda for ruim, não vai adiantar. Tem que existir um mínimo de talento, de empatia com aquele grupo de pessoas a quem você vai oferecer esse produto. Isso tudo deveria ser uma coisa mais clara, ficou uma coisa obscura durante todos esses anos. Se tudo fosse às claras, não existiria corrupção.
Pergunta - E a entrada do Tatola, como aconteceu?
Maia - Eu o conhecia há muito tempo, ele trabalhava em gravadora, tinha o Não Religião. O Tatola respeitava o meu trabalho, sempre dizia que eu era o crítico de que ele mais gostava pelo fato de eu ser o menos radical e mais abrangente. A gente conversava muito sobre música e ele me pedia dicas. O Tatola tinha saído da 89 FM e nos encontramos numa outra circunstância. Eu não sei lidar bem com o mercado fonográfico, não sei conversar essa conversa deles, não tinha paciência para ouvir que tem que tocar Pink Floyd, não tenho mesmo paciência para isso. Eu acabava sendo perigoso para uma coisa mais de conversar com o mercado. E o Tatola veio para isso, para ser a cara da Brasil 2000 no mercado. E eu continuava na minha área. Acabou sendo uma equação incessante. No nosso programa o que funcionava é o fato de cada um ter a sua opinião. Tínhamos opiniões diferentes. A gente discordava mesmo e não tínhamos problema nisso. É arriscada uma coisa dessas, pois quando se faz um programa onde há discordâncias pode dar briga porque um vai entrar no mundo infantil do outro. Tínhamos diferenças ideológicas fortes, de gosto, mas afinidades profissionais muito grandes.
Pergunta - Nessa época em que o Tatola entrou, a rádio mudou um pouco sua filosofia...
Maia - Foi um passo no sentindo de se angariar mais ouvintes. Nós conseguimos um bom transmissor e eu queria chegar cada vez mais na audiência jovem. Naquela época houve um salto pop de mercado. O que tínhamos de combater, no bom sentido, eram expressões justamente pops, as boys bands, o axé. Então tivemos que utilizar ferramentas extremamente pops também. Acabamos colocando bandas mais aceitáveis para conseguir isso. Então, a rádio atraía as pessoas com mais Deep Purple, Pink Floyd, Led Zeppelin, com canções conhecidas e misturávamos com coisas novas, mais underground.
Pergunta - Hoje se reclama de que o rádio sempre toca as mesmas músicas e que não há mais ousadia. De quem é a culpa? Dos ouvintes ou dos programadores?
Maia - Ambos, primeiro porque os programadores de rádio não conhecem música. São pessoas que vão parar nas emissoras por algum motivo que não é a vocação. Ou então são pessoas queriam exercer a função de locutor e não conseguiram. Todo mundo entra numa emissora querendo ser locutor. Se em troca se oferece uma vaga de produtor o fulano se assusta, nem sabe o que é isso e recusa. O que se quer mesmo é falar, porque existe a imagem de que quem está falando manda em tudo, mas na verdade não manda. Então o programador não conhece muito, o coordenador conhece menos ainda, existe a pressão das gravadoras. A programação de rádio fica aquela coisa pré-fabricada e não se ousa nunca, pois quem ousar está mais arriscado a ficar sozinho. O ouvinte, por incrível que pareça, compactua com esse tipo de coisa. Se é tocada uma coisa muito diferente, ele troca de estação e vai buscar uma emissora que tenha alguma música conhecida na qual ele possa cantar junto, tem muito isso. É uma coisa difícil de equacionar, mas é verdade. Deve existir um feeling. É a mesma coisa que um show, nenhuma banda dá um show só com hits, a não ser Rolling Stones com seus 40 anos de estrada. No caso de uma banda que não tem esse passado, ela deve misturar os hits com coisas novas até compor o show. E tem que fazer bem isso.
Pergunta - Como é que você encarava a concorrência?
Maia - O rádio no Brasil é autoral. É como o cinema de diretor famoso, ele conduz as coisas como quer. Era o que eu fazia na Brasil 2000. Agora, as rádios mais empresariais, como a 89 FM, estão acima de qualquer oscilação. Tem uma ou outra coisa nova, mas acaba sendo muito padronizado, muito cerceado pelos limites do mercado. Quando se é mais autoral, não se tem essa preocupação com a concorrência, uma vez que.eles não estão pensando no novo, mas no mercado, como se manter nele. Quando se quer ousar, a preocupação é outra, mais estética, em trazer coisas novas: programas novos, bandas novas. Não tem ninguém preocupado na 89 FM em comprar discos, saber qual é banda que tem um potencial porque a divulgação da gravadora vai trazer isso pronto para ele. A 89 FM tem o mérito de se manter acima dos modismos, apesar de algumas fases mais horríveis. Por outro lado, a rádio teve algumas fases mais ousadas, como na época do Fábio Massari.
Pergunta - Nessa segunda fase da rádio, depois da vinda do Tatola, você criou novos programas. Fale um pouco sobre eles.
Maia - Eu queria fazer coisas que diferenciassem do que estava acontecendo nas outras rádios, como a idéia do Lançamento Nosso de Cada Dia. Pegamos um horário no qual a regra era tocar músicas conhecidas e pouco papo e fizemos o contrário. Era uma opção e deu certo, porque alguém vai parar para ouvir. No mínimo os ouvintes iriam escutar para xingar, tipo: "pô, esses caras não param mais de falar!". Foi também a idéia do Clube das Mulheres. Eu achei interessante acordar com mulheres no ar. Queria quebrar um pouco o conceito de que as rádios de rock eram uma coisa mais masculina. E no lugar coloquei as mulheres falando o que os homens queriam ouvir delas. Unimos dois perfis: o da Marcela, desbocada, que não tinha papas na língua e não tinha um verniz intelectual para ficar filtrando o que ia dizer, com o da Fabi, que é jornalista formada. Elas interagiam com o ouvinte, sendo mães, vamps, coitadas... A química entre a Fabi e a Marcela era uma coisa muito legal.
Pergunta - A Brasil 2000 era uma das poucas emissoras que abriam espaço para o ouvinte...
Maia - Nós nunca atendemos o ouvinte fora do ar para perguntar o que ele queria dizer; no máximo, era para pedir que ele esperasse um pouco. Hoje na rádio alguns telefonemas de ouvintes são gravados para serem colocados no ar depois. Nós tínhamos um método interessante, que era o de colocar o ouvinte no ar sozinho com dois apresentadores. Isso servia para abafar qualquer tipo de imprevisto, como o fulano xingar. Mas o nosso segredo era a espontaneidade. Nós que estávamos no ar não sabíamos o que iria acontecer. A idéia do Discagem Direta do Ouvinte era do cara do outro lado mostrar o que ele queria ouvir e falar o que ele quisesse, criticar alguma coisa. Mas obviamente vai viciando um pouco, as mesmas pessoas acabam ligando e acaba cerceando um pouco os outros ouvintes que gostariam de ligar.
Pergunta - E o Garagem?
Maia - Eu conhecia o André Barcinski desde a época em que ele lançou o livro dele, o Barulho. Ele e o André Forastieri já tinham feito um programa ao vivo na Brasil 2000 com o Joey Ramone, em 1991, numa das vezes em que ele esteve no Brasil, e foi uma loucura. Daí eles tinham ido para a Gazeta FM, numa experiência que acabou sendo traumática para eles porque tiveram de sair de lá meio às pressas. Eu lembro que aconteceram varias pressões lá. Muito tempo depois, eles retomaram a idéia do programa, levaram o projeto a várias emissoras e eles acertaram conosco. As pessoas que se ofendem com eles são muito infantis; eu acho que eles são necessários, saudáveis e engraçados. Eu gostava mais de ouvir o falatório deles em vez das músicas que tocavam no programa.
Pergunta - Vocês chegaram a ter algum tipo de problema por causa do Garagem? Pressão de gravadora, coisas do tipo?
Maia - Não, o único episódio que teve foi com o Nando Reis, que xingou os caras no programa do João Gordo na MTV. Eu achei isso uma bobagem da parte dele. Penso que agora ele não teria mais essa postura. Outro dia eu vi os Titãs naquele programa do Marcos Mion, o Descontrole. O Mion estava detonando a banda e eles lá junto, dando risada. Se fosse há algum tempo, eles achariam isso o fim da picada. Nós vivíamos brincando com o pessoal do Gagarem e vice-versa. Quando o André virou editor do Folhateen, a gente dedicou um programa inteiro a ele numa homenagem. Da mesma forma, quando ele saiu a gente começou a criticar o caderno. Tudo isso era de brincadeira, uma coisa de brincar com a gente mesmo. A gente gozava muito da cara dos Titãs. Na parada, a gente dizia "não agüento mais esse primeiro lugar" ou então "pô, essa música tocando de novo!", o tipo de coisa que todo mundo que trabalha em rádio tem vontade de dizer.
Pergunta - Com todo esse trabalho desenvolvido nesses 14 anos, programas de sucesso, experimentações de linguagem, tudo isso que fez a fama da Brasil 2000, por que você acabou saindo?
Maia - Primeiramente aconteceu um desentendimento do Tatola com a diretoria, que acabou virando uma coisa muito pessoal. Como o Tatola fazia a parte comercial da rádio, ele tinha direito uma porcentagem na receita da rádio. Era um contrato de risco, quanto mais a rádio faturava, mais ele ganhava. Ele quis refazer o acordo, numa tentativa de reajustar esse percentual, e houve a briga. Ele acabou não continuando. Existem versões mirabolantes, mas o mais incrível é que foi uma coisa besta, uma briga de comadres, uma coisa estúpida. Trabalhar com o Tatola era bom. Era uma das pessoas com quem mais me entendia profissionalmente, apesar de termos diferenças totais. Ele era aberto ao meu discurso anarquista-revolucionário e me aceitava como crítico. Foi uma enorme tristeza acabar com a dupla, ela merecia um pouco mais de sobrevida para fazer um pouco mais do que queríamos fazer. Depois da saída dele, continuei fazendo meu trabalho e queria retomar um pouco o experimentalismo. Agora que eu tinha uma antena melhor, um alcance melhor, um público maior, pensei em porque não tirar os Smoke In The Waters da vida e colocar coisas mais novas ou diferentes. Daí eu tomei conhecimento indiretamente da contratação do Lélio Márcio Teixeira para administrar a rádio e eu achei isso uma atitude muito estranha e arbitrária. Ele até é um amigo meu fora do meio, mas achei estranho a diretoria, ligada à Faculdade, contratar uma pessoa sem que eu soubesse. E foi por isso que eu saí.
Pergunta - O fato do Lélio ter mantido muito do que você criou na Brasil 2000 foi uma vitória sua?
Maia - É como você ter um restaurante no qual sai o cozinheiro chefe e todo mundo vai sentir que o sabor é diferente. Eu acho o Kid Vinil uma pessoa brilhante, não tenho nada a falar contra ele, mas de jeito nenhum um programa do estilo dele vai preencher a lacuna do era o Lançamento Nosso de Cada Dia. Não era um programa técnico, não era um programa para quem queria conhecer as músicas. A idéia do programa era a ironia. O que falta na Brasil 2000 hoje não é o Lançamento, mas era o espírito do programa. A rádio hoje está querendo reviver alguns programas, algumas coisas em termos de parada musical que fazíamos, mas é por aí. Tem que enterrar tudo e mudar, tirar o nome de Sessão da Tarde, mudar... Do contrário vai ficar a ameaça que a nova direção ainda não assumiu, que ela está com medo. O interesse do Lélio é outro, é uma questão de afinidade. E também a universidade não quer perder aquilo que ela conseguiu. É uma rádio respeitada pelo universitário, tem uma certa simpatia. O Lélio se tornou um cara administrativo, que não dá muito palpite na programação, a não ser ouvir o que as gravadoras querem. Ele não tem o instrumental, nem a vontade de mudar. O que ele quer fazer é o programa de futebol.
Pergunta - Você tem alguma inimizade com o Lélio?
Maia - Tenho mágoa apenas com as pessoas que o colocaram lá na emissora sem me falar nada. Acho ele interessante naquilo que faz, mas se eu quisesse trabalhar com ele já o teria chamado há muito tempo. Quando eu e o Tatola estávamos na Brasil 2000, ele nos procurou logo depois que ele saiu da 97 FM, e uma das idéias dele era colocar aquele programa de futebol no horário da Voz do Brasil logo após o 2000 Volts, mas não tinha nada a ver... Nós fizemos alguns programas de futebol com o Marcelo Frommer e o Casagrande, mas era uma outra coisa. Ouvíamos o programa deles na 97 FM e achávamos sofrível. Não era o tipo de programa que a gente queria, muito menos o tipo de linguagem.
Pergunta - Por que você, com uma bagagem dessas, não tem convite de outras emissoras?
Maia - As pessoas sempre me perguntam isso. Quem trabalha em rádio não entende de música, acha que é uma coisa "empresarial". E tem outro lance: as pessoas acham que quem tem uma especialidade como eu é uma coisa muito cara e também não tem como encaixar naquele buraquinho onde querem colocar. Enfim, convite nem de rádio comunitária (risos).

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Migração entre Planos de Previdência Privada

Data: 26.04.2007 - Fonte: Valor Econômico

Em um ano, o prazo médio das transferências de recursos entre diferentes planos de previdência aberta caiu de 23 para apenas 10 dias corridos. Em abril do ano passado foi criado o Sistema de Intercâmbio para Documentos Eletrônicos (Side), que englobou em um mesmo ambiente todas as solicitações de portabilidade dos participantes de Planos Geradores de Benefícios Livres (PGBLs) e Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBLs). Antes do Side, algumas migrações chegavam a durar até 60 dias. "Isso abalava muito a transparência, segurança e credibilidade do mercado", lembra.

Com o avanço, o setor também consegue atingir as exigências do órgão regulador. Segundo circulares da Superintendência de Seguros Privados (Susep), as seguradoras têm prazo de até cinco dias úteis entre o período para a instituição liberar os recursos a partir da data de notificação feita pela companhia que receberá os recursos. Por esse critério, o prazo médio de transferências caiu para quatro dias.

Mas isso não quer dizer que todos os investidores conseguem transferir os recursos nesse prazo. Em março, em 22% dos casos a transferência não foi efetuada. Entre as principais causas para isso estão a falta de documentos ou mesmo desistência da migração. Se houver problemas com dados, o pedido terá de ser refeito.

De abril do ano passado até aqui, R$ 920 milhões já foram transferidos pelo Side. Apenas no mês passado, esse volume chegou a R$ 114,7 milhões, o recorde desde a sua criação. Quando mais participantes entendem que é simples migrar entre os planos, mais tendem a solicitar a transferência quando motivados a mudar de empresa, principalmente aqueles que estão com seus planos em Bancos.

Segundo Maida, além do Side, as seguradoras também aperfeiçoaram ferramentas de controle interno para migração, o que colabora com a queda do prazo médio de transferência. Para transferir os recursos, basta aos participantes ir consultar seu corretor (http://www.yrd.com.br) e informar a conta. Sobre o volume transferido, a seguradora que recebe o total não pode cobrar taxa de carregamento.

Maida, do Side, chama atenção para o fato de também ter caído a idade média dos participantes que solicitam a migração entre diferentes planos de previdência, sinal de que preocupações com rentabilidade e serviços das seguradoras estão mais em evidência entre os investidores. A parcela de portabilidade dos planos para menores, por exemplo, cresceu de 5,7% do total há um ano para quase 9% das migrações atualmente. No período, 73% dos pedidos de portabilidade referiram-se a participantes com menos de 50 anos.

Mas destaca que são ainda principalmente os participantes de maior renda que usam a portabilidade. O volume médio por transferência em março foi de R$ 36,6 mil. São exatamente esses participantes de maior porte os mais abordados por seguradoras concorrentes para transferirem os recursos.

A presença mais ostensiva de determinadas seguradoras no mercado em busca de novos clientes também estimula o crescimento da portabilidade, que pulou de poucos milhões há um ano para cerca de R$ 100 milhões atualmente. "E a tendência é de esse ritmo continuar em crescimento, porque cada vez mais gente tem planos de previdência, com mais recursos, e as empresas estão atuando em nichos mais segmentados".

A redução do prazo médio de transferência ganha importância à medida que mais investidores mudam seus recursos de planos conservadores para outros mais agressivos, com renda variável. Isso porque algumas semanas de rentabilidade da bolsa de valores podem significar boa diferença no patrimônio investido. Quem esperasse anteriormente 40, 50 dias para sair de um plano de renda fixa para ir a um com bolsa, poderia perder uma boa valorização nesse período.

Unibanco AIG Seguros assume a liderença em Seguros no Ranking do Sincor

Data: 26.04.2007 - Fonte: Valor Online

A Unibanco AIG assumiu a primeira posição em ranking do setor de seguros feito pelo Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo (Sincor-SP) com dados até fevereiro. Com 12,40% de participação, a companhia ultrapassou a Bradesco Seguros, que detém 12,27% do mercado, em levantamento que não inclui previdência VGBL nem o segmento de saúde.

Nos dois primeiros meses de 2007, a AIG-Unibanco faturou mais de R$ 791 milhões. A Bradesco Seguros teve receitas de R$ 783 milhões. Em seguida aparecem a Porto Seguro, com R$ 555,4 milhões (e 8,70% de mercado) e a SulAmérica (R$ 531,2 milhões e 32%).

Boa parte dessa liderança foi puxada pelo crescimento de 35% do seguro patrimonial, em relação ao mesmo período de 2006. Nesse segmento, a AIG-Unibanco é a líder, com 37,03% do mercado, mais de três vezes o total do segundo colocado, a Itaú, que possui 9,61% do total.

Já os ganhos com o seguro de automóveis caíram 2% neste primeiro bimestre, em comparação com igual período do ano passado. Ainda assim, é o principal setor. Somando-se os resultados das mais de 50 companhias que atuam no país com seguros para carros, a categoria faturou R$ 2,92 bilhões nesses dois meses. A líder é a Porto Seguro, com 16,18% de participação e faturamento de R$ 437 milhões. Em seguida vem Bradesco Seguros com 13,30% (R$ 389 milhões) e SulAmérica com 12,02% do total (R$ 351 milhões).

No total, o faturamento das seguradoras teve uma variação positiva de 6%, para R$ 6,38 bilhões, contra os R$ 6,02 bilhões nos dois primeiros meses do ano passado. Segundo o presidente da entidade, a maior procura por previdência e o crescimento da frota de veículos deve fazer o setor avançar 15% neste ano, acima dos 11% de crescimento do ano passado.

Para ele, a abertura do mercado de resseguros também deve aumentar a competição entre as empresas em áreas que o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) não quiser atuar. "A concorrência aumenta em segmentos com riscos declináveis, com as companhias aceitando mais riscos que não aceitavam antes", avalia.

Outro espaço para crescer, está no segmento popular, para bens de até R$ 3 mil. "Ainda é preciso aceitar alguns detalhes, já que para veículos com esses valores não podemos oferecer todas as coberturas", explica.

Porto Seguro lança seguro para Hotel e Hóspede

Data: 26.04.2007 - Fonte: Seguros.inf.br

Novo produto protege clientes de estabelecimentos de hospedagem do ‘check-in’ ao ‘check-out’

Turismo, no Brasil, é setor com grande potencial de crescimento. Números da ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis) projetam até o final de 2007 a consolidação de 129 redes hoteleiras em operação no País, somando, ao todo, 966 grandes hotéis - que podem ser somados a milhares de empreendimentos menores. Diante deste cenário, a Porto Seguro lança o seguro de acidentes pessoais para os hóspedes de hotéis.

O Porto Seguro Acidentes Pessoais Coletivo - Hotéis / Hospedagem foi desenvolvido especialmente para proteger os hóspedes de qualquer acidente ocorrido durante todo o período de permanência no estabelecimento. Entre os eventos cobertos, estão práticas comuns nesses locais, como passeios de bicicleta, a cavalo, de charrete e caminhadas por trilhas do hotel, bem como atividades em quadras de esportes, pistas e, até mesmo, palestras e exposições.

Segundo o gerente comercial de Vida e Previdência da Porto Seguro, Silas Kasahaya, o nicho para o novo produto é grande, principalmente quando se analisam os dados órgãos do setor. "De acordo com o Ministério do Turismo, ocorrem 225 milhões de viagens pelo Brasil por ano. É um número muito grande de pessoas que poderão ser protegidas por seguros como este", ressalta. O seguro possui ainda as garantias de morte acidental e invalidez permanente parcial ou total por acidente, "e possibilita ao estabelecimento de hospedagem a contratação de despesas médico-hospitalares", complementa.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Fato ou ficção? A gasolina premium realmente traz benefícios premium para o seu carro ?

Data: 20.04.2007 - Fonte: Scientific American Brasil

A gasolina premium deve ter esse nome por alguma razão. Afinal, uma das definições desse adjetivo é “um alto valor ou um valor em excesso daquilo que é normalmente esperado”, de acordo com o Merriam-Webster\\'s Collegiate Dictionary. Portanto, a gasolina aditivada deve ser melhor, ou então por que seria chamada assim? A resposta para essa questão está na dinâmica de um típico motor de combustão interna, no processo de refinação da gasolina a partir do petróleo, e em outra definição de “premium” – dessa vez na forma de substantivo: “uma soma superior ao preço normal paga principalmente por persuasão ou incentivo”.

Antes de qualquer coisa, é preciso dizer que a gasolina premium realmente é um combustível melhor em termos da energia que fornece no motor adequado. Todo tipo de gasolina é uma mistura inebriante de várias moléculas de hidrocarboneto diferentes, do heptano ao decano ( com 7 e 10 átomos de carbono respectivamente) e muitos outros. O hidrocarboneto claramente identificado na bomba é o octano (oito átomos de carbono e 18 hidrogênios). No entanto, esse número não é uma medida de como essa gasolina se compara com uma mistura pura de octano e heptano. Em laboratórios especiais no mundo inteiro, os químicos misturam esses
combustíveis de referência e então os utilizam em comparação à gasolina refinada segundo as medidas padronizadas. “A Sociedade Americana de Testes e Materiais tem um dossiê robusto sobre como determinar o nível de octano com um motor especial de um cilindro”, explica Joseph Shepherd, do California Institute of Technology. “Quanto maior o número, mais dificilmente o motor ‘bate pino.’”

O “grilar” ou “batida” – uma explosão desregulada em uma câmara criada para combustão altamente regulada – é a morte para um motor de combustão interna. Durante o ciclo de quatro cilindros de um motor de carro típico, o pistão desce dentro do cilindro, permitindo que ele se encha de uma mistura de gasolina e ar. Então, sobe de novo, comprimindo a mistura de combustível e, ao chegar ao topo, a vela acende o vapor explosivo, mandando o pistão para baixo de novo. Ao voltar para a parte mais alta do cilindro, o pistão expele o que sobrou do combustível utilizado através de válvulas de exaustão e todo o processo começa novamente. O “grilar” acontece quando a compressão da mistura de combustível e ar, e não a vela, provoca uma explosão. Isso resulta em um barulho bem alto e muita vibração no próprio motor, “É muito ruim para o motor, mecanicamente”, ressalta Shepherd, “Classificamos a gasolina de acordo com as “batidas” que ela provoca em comparação à mistura referencial”, explica William Green, do Massachusetts Institute of Technology, “Aquelas que não provocam tantas ‘batidas’ são premium”. Ou seja, elas se comportam no motor como se tivessem uma grande proporção de octano, mesmo se não têm.

No entanto, a maioria dos carros modernos é criada para empregar uma razão de compressão específica, uma medida de quanto espaço está disponível para o combustível quando o pistão está no fundo e na parte mais alta do cilindro. Essa razão de compressão – cerca de oito para um – tolera combustíveis com menos octano (como a gasolina comum, o bom e velho octano 87), sem causar “batida”. “A razão de compressão é determinada pelo criador do motor”, diz Green, “O combustível normal queimará de maneira adequada e o premium também, e assim não há razão alguma para gastar o dinheiro extra”. Motores de alta performance, como os de carros esportivos ou de automóveis mais antigos e pesados, muitas vezes ostentam razões de compressão muito mais altas. Esses carros – como, por exemplo, o Subaru WRX de Shepherd –, precisam de gasolina premium e com certeza sofrerão uma “batida” sem ela. “Tenho que abastecer com octano 92, já que ele tem turbo”.


Razões de compressão altas assim – e os combustíveis premium que as acompanham – poderiam ser voltadas para a eficiência, em vez da velocidade, Green ressalta, especialmente quando colocadas em motores de carros mais leves, como seu Honda Civic. Outros combustíveis para automóveis, como o etanol, também oferecem níveis altos de octano, permitindo que as empresas petrolíferas usem mais gasolina volátil em suas misturas. Mas para os carros padrão que rodam hoje em dia, comprar gasolina premium é simplesmente pagar o “premium” de um combustível que não oferece nenhum benefício adicional. “Se você acha que precisa dele, então está sendo muito excêntrico”, diz Green.

Audiência Seguro Agrícola

Data: 25.04.2007 - Fonte: Agência Câmara


A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural vai promover audiência pública para debater a implantação do seguro agrícola. O debate foi sugerido pelo deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS) e aprovado na última quarta-feira (18).

O seguro agrícola foi instituído pela Lei Agrícola (8171/91). De acordo com a lei, o seguro é um instrumento destinado a cobrir prejuízos decorrentes de acidentes, fenômenos naturais, pragas e doenças que atinjam plantações. Ela estabelece ainda que a apólice de seguro agrícola pode constituir garantia nas operações de crédito rural.

"Apesar das várias iniciativas legais e administrativas durante todos esses anos, a grande massa de agricultores ainda não adotou o seguro. Precisamos retomar o debate e obter as linhas de ação necessárias para a efetiva implantação do seguro, pois com ele se dará maior segurança à atividade produtiva da agropecuária e ao próprio financiamento da atividade", explicou o parlamentar.

Participantes

Serão convidados a diretora de ramos elementares da Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (Fenaseg), Maria Helena Abidino, e representantes da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura; da Secretaria do Tesouro Nacional; da Superintendência de Seguros Privados (Susep); da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag); das secretarias executivas de Subvenção de Seguro Agrícola de São Paulo e do Rio Grande do Sul; e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

A lista inclui ainda representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA); da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB); da Associação dos Cerealistas do Brasil (Acebra); do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB).

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Seguradora Banco do Brasil (BB) não comprova fraude, sendo obrigada a pagar sinistro

Data: 19.04.2007 - Fonte: TJ-RS / Correio Forense

Sob a presidência e relatoria da juíza Janice Ubialli, por unanimidade de votos a 4ª Turma de Recursos de Santa Catarina manteve, por seus próprios fundamentos, sentença prolatada pelo juiz Luiz Fernando Boller – titular do Juizado Especial Cível de Tubarão (SC) – condenando a Brasil Veículos Companhia de Seguros a pagar o valor atualizado de R$ 22.595,85 ao médico José Newton Moreira Disconzi, uma vez que a seguradora deixou de fazê-lo por reputar que houve fraude do segurado no pleito indenizatório.

De acordo com os autos, ao sair do estacionamento de um restaurante, José Newton teria colidido o automóvel Fiat que tripulava contra uma camioneta Jeep Cherokee de propriedade de Celso de Souza Medeiros, acionando a cobertura securitária pactuada com a BB Seguros, que negou cobertura ao sinistro, alegando que a empresa reparadora escolhida não seria credenciada.

Destacando que a veracidade do sinistro não foi combatida pela seguradora, que tampouco apresentou Relatório de Sindicância suficiente à demonstração de eventual fraude ou violação aos termos do contrato aleatório, o juiz Boller constatou nítida turbulência na relação comercial mantida entre a BB Seguros e Campos Reparação Automotiva, destacando que tal circunstância "não deve constituir óbice ao exercício do direito do autor, absolutamente, visto que tal empresa apresentou o menor custo para a reparação dos veículos sinistrados, evidenciando que à BB Seguros não foi imposta obrigação excessiva, absolutamente".

Desta forma, salientando que nem mesmo foi demonstrada a instauração de "procedimento de regulação do sinistro", Boller entendeu ter restado demonstrada a "inércia contratual da demandada", distinguindo o "absoluto menosprezo ao segurado, visto que a negativa de cobertura, amparada na alegação de que o veículo de propriedade de José Newton deveria ser removido para uma empresa reparadora conveniada, a fim de ser submetido à vistoria, constitui insofismável afronta à natureza do contrato de seguro", acolhendo a pretensão indenizatória.

Avigorando tal decisão, a 4ª Turma aditou que, “ao contrário da boa-fé, a fraude não é presumível, devendo ser provada, competindo à recorrente cabalmente demonstrar a existência da fraude que suspeita existir. Aliás, mesmo que tivesse demonstrado as aventadas irregularidades quanto ao conserto do veículo, mera suposição, elas não dizem respeito à pessoa do segurado, mas, sim, de terceiro estranho ao contrato securitário.

Por fim, mesmo que o segurado tivesse negligenciado o envio de notas fiscais à seguradora, esta, de forma alguma estaria desobrigada a ressarcir os danos suportados por aquele, uma vez que se trata de mero procedimento administrativo, que não tem o condão de restringir direitos”.

Assim, além das custas e honorários, estes no valor de R$ 4.519,17- para apuração de conduta delituosa, cópias do processo serão remetidas ao Delegado Regional de Polícia, ao Ministério Público, à Susep e ao Procon, noticiando o habitual proceder comercial adotado pela BB Seguros por ocasião da implementação do risco contratado (Recurso Inominado nº 2006.400335-2 e Ação nº 075.04.009785-9)

BB prejudica cliente que pede ajuda a corretor

Fonte: CQCS - Data: 17.04.2007

A comunidade do CQCS vem, desde a semana passada, debatendo e buscando a melhor solução para mais um problema causado a consumidores por gerentes de bancos, que, sem qualquer qualificação técnica, se travestem de vendedores de seguros. O novo imbróglio envolve o Banco do Brasil e uma cliente do corretor de seguros Andre Jayme Procopio, membro da nossa comunidade.

Ele relata que essa cliente é “terceiro” em um acidente causado por um segurado do BB Seguro Auto. O veículo sinistrado está desde o dia 08 de janeiro deste ano em uma oficina indicada pela seguradora do BB, que vinha constantemente alegando demora no serviço por falta de vistoria/autorização da companhia.

Ao entrar em contato com a central de atendimento do BB Seguro Auto, o corretor foi informado, no entanto, que não existiam vistoria ou autorizações pendentes: “esse jogo de empurra é, no mínimo, um absurdo. A oficina e seguradora são parceiras e, mesmo assim, passam ao cliente informações totalmente desencontradas. Em algumas vezes tivemos a clara impressão de que a intenção era empurrar responsabilidades”, desabafa o corretor.

André Jayme Procópio acrescenta que, na terça-feira passada, dia 10, o veículo ficou "pronto". O conserto conseguiu superar todas as piores expectativas que a oficina por sua desorganização já havia criado na cliente. O corretor lista alguns defeitos que visualmente chamaram atenção imediata, nos vidros, cinto de segurança, pintura, lanternas e frisos: “a cliente não irá retirar o veículo nessas condições da oficina’, assegura o corretor, assinalando que buscou o CQCS para “resolver os problemas citados extra judicialmente”.

Ao analisar essa questão, o diretor do CQCS, Gustavo Doria, adverte que “isso é que dá fazer seguro em banco”. Na visão de Dória, o ideal é que o corretor oriente a cliente a recorrer à Justiça contra o segurado que contratou o seguro no Banco do Brasil, para que esse consumidor aprenda que gerente de Banco não entende nada de seguro.

Aventureiros tem reparo mais caro

Fonte: Diário de S. Paulo - Data: 18.04.2007

Depois que a Fiat decidiu investir no segmento de veículos com visual fora-de-estrada e lançou, em 1999, a perua Palio Adventure, a moda pegou no Brasil. De lá pra cá, devido ao grande sucesso comercial dos carros maquiados, outras montadoras, como Citroên, Ford e Volkswagen resolveram seguir a mesma trilha.

No entanto, apesar da ótima aceitação que os automóveis com apelo off-road têm no país, o Centro de Experimentação Viária (Cesvi Brasil) faz um alerta aos consumidores: o conserto deste tipo de carro pode custar até quase 54% a mais que o de sua versão normal, o que significa um acréscimo no valor do seguro.

Para chegar a esta conclusão, a entidade fez uma comparação entre os modelos C3 (Citroën), Celta (Chevrolet), Dobló, Idea, Palio e Strada (Fiat), Fiesta (Ford), Scénic (Renault) e Fox (Volkswagen) e suas versões fora-de-estrada. O estudo incluiu ensaios de impactos traseiros e dianteiros.

Na categoria hatch compacto quem levou a pior foi o VW CrossFox no confronto com o Fox. Em caso de colisão, o proprietário do carro convencional teria de desembolsar R$ 1.084,67, enquanto o dono do modelo fora-de-estrada gastaria R$ 1.667,30 — diferença de 53,71%, que se deve, principalmente, à introdução de quebra-mato, porta-estepe, farol de milha auxiliar e spoiler traseiro.

Outro veículo que obteve baixa pontuação no estudo foi o Fiat Idea Adventure em relação

ao Idea convencional. Segundo o comparativo, o custo total de reparo da versão off-road fica-ria 30,55% mais caro. Em contrapartida, a minivan Renault Scénic foi uma das melhores colocadas: o conserto da versão Sportway foi só 9,61% maior.

Custo serve de base ao seguro

Com o resultado desse estudo comparativo, o Cesvi tem dois objetivos. O primeiro deles, co-mo explica José Aurelio Ramalho, diretor- executivo de Operações da entidade, é trabalhar para que as seguradoras definam um novo padrão para calo valor das apólices de cada modelo — hoje o custo do seguro é tirado por uma média de vários modelos.

A outra meta do órgão é criar uma cesta básica exclusiva para esses automóveis. O que acontece é que o pacote para esses modelos, além dos 15 itens mais sinistrados, acrescenta outros, como anteparo do pára-choque, farol auxiliar, estribo lateral, suporte e moldura do estepe e pára-choque de impulsão (quebra-mato).

"O custo dessa cesta básica de um veículo fora-de-estrada deverá chegar a uni valor 56% superior ao de sua versão nor-mal", completa Ramalho.

Seguro Auto e Moto é com a YRD Corretora de Seguros.