segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Mesmo proibido, pára-brisa temperado continua à venda


Mesmo com a regulamentação de novas normas para a segurança dos veículos, como a Resolução 216/06 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), de dezembro do ano passado, que fixa exigências de segurança e visibilidade, ainda circulam no Brasil milhares de veículos com pára-brisas temperados, o que pode colocar em risco a vida de muitos motoristas e passageiros.

Hoje ainda são instalados mais de 1.000 pára-brisas temperados por mês. “Um dos motivos para isso é que o consumidor ou proprietário do veículo desconhece a proibição de uso do produto e, no momento da substituição, muitas vezes opta pelo componente mais barato, sem saber que o mesmo está fora das especificações da legislação”.

Uma vez instalado, é difícil notar se o pára-brisa é temperado ou laminado. Uma das maneiras de checar se o produto é laminado é ver se tem a banda degradé interna, pois o temperado possui um filme aplicado por dentro. Outra dica é a logomarca do fabricante impressa, item de segurança obrigatório como em pneus e nos cintos de segurança.

”A recente resolução do Contran representou um grande avanço para definir quando um pára-brisa danificado não cumpre a sua função na totalidade, mas é obrigatório que seja de vidro laminado”.

Recentemente, uma fábrica da região metropolitana do Rio de Janeiro foi fechada e teve apreendidos 426 pára-brisas de vidro temperado, portanto irregulares, entre outros equipamentos. Essas práticas ilegais colocam em risco a vida dos motoristas que optam por pára-brisas mais baratos, ignorando as questões de segurança.

Pára-brisa laminado resiste a impacto de pedra
Diversos acidentes e colisões, ou até pedras atiradas em veículos com pára-brisa laminado, demonstraram que esse tipo de vidro apresenta enorme resistência a impactos e atua como elemento do sistema de retenção, complementando as funções dos cintos de segurança e airbags.

Um desses episódios aconteceu recentemente em Natal, no Rio Grande do Norte. O pára-brisa laminado do Chevrolet Celta resistiu ao impacto de um paralelepípedo atirado em uma rodovia próxima à cidade. Além de evitar possíveis ferimentos nos ocupantes, permitiu ao motorista continuar a viagem.

O empresário Barros regressava à sua residência e relatou que dirigia à velocidade aproximada de 80 km/h quando se assustou com o forte impacto da pedra, que foi retida pelo pára-brisa. De acordo com Barros, o vidro afundou cerca de cinco centímetros e ficou acentuadamente trincado, mas conteve a pedra e impediu que atingisse o rosto de sua esposa, no banco do acompanhante.

O pára-brisa laminado faz parte da estrutura da carroceria e também protege os usuários, da chuva, vento, ruído e partículas suspensas, além de servir como manta protetora que impede que os ocupantes do veículo sejam arremessados para fora, em caso de acidentes. “Considerando todas as funções de segurança do pára-brisa laminado, é importante que ele seja original de fábrica e instalado em oficina credenciada”,

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Brasil avança no ranking da Previdência Privada

Um estudo de dois economistas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que o Brasil é o 14º país que mais gasta com Previdência, numa lista que inclui os 113 países do mundo que informam estes dados à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Os gastos previdenciários do Brasil correspondem a 11,7% do PIB. O país que encabeça a lista, a Itália, gasta com Previdência 17,6% do PIB.

"O gasto do governo brasileiro com o sistema previdenciário está acima da capacidade de pagamento do país".

Os dados utilizados no cálculo incluem o pagamento das aposentadorias públicas e privadas por tempo de contribuição e benefícios como a aposentadoria rural e as pensões por idade. O governo quer mudar a contabilidade desses gastos, para retirar esses benefícios da conta da Previdência, e assim reduzir o déficit do sistema.

Nos outros países, o cálculo pode ser diferente, mas os economistas do Ipea utilizaram os dados oficiais informados à OCDE por cada país.

Variáveis

Para concluir que os gastos brasileiros são elevados, os economistas do Ipea analisaram cinco variáveis. "A combinação desses indicadores mostra que o Brasil está gastando muito com Previdência, mais do que esses indicadores exigem".

Um desses indicadores é a dependência demográfica, que mede a proporção entre a população com mais de 65 anos em relação à população em idade ativa. O número do Brasil é 9, o que significa uma proporção relativamente baixa de idosos dependendo dos trabalhadores na ativa. Na Itália, por exemplo, esse indicador é 29,7.

"Quanto mais alto, maior o gasto com Previdência, então o gasto do Brasil, por este indicador, deveria ser menor".

Também deveria contribuir para um gasto menor a alíquota elevada de contribuição sobre os salários, que no Brasil é de 31% - o máximo na amostra analisada é de 35%.

Por outro lado, contribui para diminuir a sustentabilidade do sistema o fato de a proporção dos contribuintes como força de trabalho (empregos formais) ser de 56,4% do total. "É uma base de financiamento precária para a base de beneficiários que o sistema se propõe a atender".

O valor médio dos benefícios recebidos por aposentados e pensionistas brasileiros em relação à renda per capita do país está acima da média dos outros países analisados. No Brasil, os benefícios representam 59,4% da renda per capita, enquanto na mediana dos outros países é de 48,5%.

Idade mínima

Dos 113 países da amostra, o Brasil é um dos seis que não tem limites claros de idade mínima para aposentadoria. Embora as mudanças mais recentes nas regras tenham estabelecido idade mínima para quem entra no sistema, não se pode dizer que o país tem, como um todo, uma idade mínima, porque ainda é possível se aposentar apenas pelo tempo de contribuição.

"Isso faz com que a pirâmide de contribuintes e beneficiários, que deveria ser larga na base e fina no topo, no Brasil seja alargada no meio".

Miranda está entre os economistas que defendem - como a área econômica do governo - a mudança na contabilidade na Previdência para retirar da conta os pagamentos com a aposentadoria rural e a pensão por idade, recebidos por pessoas que não contribuíram para o sistema. "São benefícios sociais, e deveriam ser custeados pelo Tesouro, não pela Previdência".

Se a contabilidade de fato mudar, o gasto de 11,7% do PIB com Previdência deve diminuir, mas ele não se arrisca a dizer se o sistema ainda vai continuar acima da capacidade de pagamento do governo. "São cálculos muito complexos, e seria preciso refazer todas as contas".

Embora seja um órgão do governo - antes subordinado ao Ministério do Planejamento e agora à Secretaria de Planejamento de Longo Prazo -, o Ipea faz estudos de forma independente das políticas oficiais. O estudo sobre a Previdência é um texto para discussão, e não uma proposta oficial do órgão sobre o assunto

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Previdência é uma despesa que tem que estar no orçamento familiar

A pesquisa de orçamento familiar divulgado pelo IBGE na semana passada mostra que mesmo o brasileiro que ganha mais de R$ 6 mil mensais tem dificuldades para chegar ao fim do mês com o salário que recebe. É um dado extremamente relevante. Mais de 50% dessas famílias está com problemas no orçamento e estão na faixa de maior renda da população.

Chegou a hora de chamar a família para uma boa conversa, pois vocês estão gastando além da conta. Numa perspectiva muito otimista, você que recebe R$ 6 mil vai se aposentar com metade do seu poder aquisitivo. Isso quer dizer que, se você já tem problemas hoje para financiar seus gastos, o futuro é sombrio quando receberá metade do que ganha atualmente.

O mercado de previdência está em verdadeira ebulição. Aspectos como longevidade e quebra do modelo tradicional de previdência têm levado sérias preocupações a gestores de carteira, governos e famílias. Se você não tem acompanhado esse debate, está bastante atrasado.

Quanto maior sua renda, maior também será o problema para financiar a aposentadoria. Isso porque a diferença entre o que você ganha e o que vai receber do governo aumenta. A outra razão é que a expectativa de vida para os mais ricos é maior. A expectativa de vida do brasileiro está, em média, acima de 68 anos. Mas, no grupo de pessoas de renda mais alta, a expectativa de vida está acima de 80 anos. "Na verdade, é um problema grave já para quem recebe acima de R$ 4 mil", diz o executivo. O impacto da longevidade sobre sua necessidade de construir um patrimônio é direto e veja que esta análise está restrita aos aspectos de previdência. "Some-se a este problema os custos com saúde durante sua aposentadoria e aí você terá um grande problema".

Se você conseguir acumular R$ 1 milhão, poderá retirar mensalmente R$ 5 mil durante a aposentadoria. Trata-se de um valor médio, e que já leva em conta a expectativa de vida atual. "O ideal é que você consuma 0,5% de sua reserva da aposentadoria para que ela seja suficiente para toda a sua vida". "Há quem estipule 1%, mas acho muito arriscado".

Para ter R$ 1 milhão daqui a 30 anos, você precisará investir R$ 175 mil numa aplicação hoje que lhe renda 6% ao ano sobre a inflação. O outro caminho é fazer aportes mensais e deixar que as taxas de juro compostas façam o trabalho mais difícil para você. "Você precisa separar 10% do seu salário para esta finalidade".

Aos 35 anos de idade, para cada R$ 10 que você acumula na aposentadoria, R$ 7 vem da capitalização das aplicações e apenas R$ 3 são de contribuição efetivamente, ou seja, de você colocar a mão no bolso. Aos 45 anos de idade esta relação já fica em 50%. E, aos 50 anos de idade, a relação se inverte e fica R$ 3 de capitalização para R$ 7 de contribuição.

Essas famílias que estão na faixa mais alta de renda e ainda assim não estão conseguindo viver com o que ganham têm um enorme problema. "Eu aconselho fazer um orçamento, pois, provavelmente eles não tem sequer um orçamento". "Esta é uma despesa extremamente importante e que tem de fazer parte do orçamento doméstico".

Tempo e dinheiro é questão de pragmatismo. "Muitas pessoas dizem que estão sem tempo e passam horas na frente da televisão". Com dinheiro ocorre o mesmo. Basta um olhar mais acurado no orçamento para enxergar ralos por onde podem estar escoando os dias de boa vida durante sua aposentadoria.

"Quando fizer seu orçamento pense primeiro em você". Caso contrário, você terá de encontrar alguém que pague seus custos depois de aposentado ou terá que mudar seu padrão de vida. "O problema da aposentadoria é individual, não espere que alguém resolva para você".